Pedido de perdão

Tua casa foi queimada. Tua plantação foi destruída. Tua comida era roubada e o perigo vinha de todos lados, às vezes, tinha cara de oficialidade e outras vezes vinha com discurso de esperança, mas era sempre dor e destruição.   A morte espedaçava teus filhos. Não foi uma nem duas vezes, foram anos.

Sem conhecer tua história recente eu te julguei.  Pensei: é um povo fechado e desconfiado.  Por alguns momentos,  me pareceu que eras insensível às minhas necessidades. Eu também seria assim. Se eu tivesse passado por tudo o que passastes eu também seria assim. Eu teria pavor do desconhecido. Te peço perdão comunidade serrana do Peru por, em meu silêncio, ter te julgado.

Estou convencido de que é imperativo a um viajante conhecer a história do povo que o acolhe. Obrigado Alejandro de Sullana pelo excelente livro “Memorias de un soldado desconocido” de Lurgio Gavilan Sanchez, isso permitiu que eu entendesse um pouquinho do sofrimento desse povo durante os conflitos que matou mais de 80 mil pessoas na década de oitenta e noventa no Peru.

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