História

Porque fazer uma volta ao mundo a pé?

 

O Caminho de Aline é a viagem a pé de Marcelo Monti pelos cinco continentes com o propósito de valorizar o encontro com as pessoas e conectar histórias de vida que suscitam coragem e esperança. Viajo a pé para estar mais perto das pessoas. Para sonhar mais, para amar mais e me surpreender com o dinamismo da vida. Viajo por acreditar que o melhor que se pode  oferecer a alguém é uma vida vivida com amor, entusiasmo e alegria.

De onde surgiu essa ideia?

Eu estava estudando na França e me perguntei: se a vida continuar como está posso ter uma ideia aproximada de como será daqui a dez anos? É realmente isso que quero? Eu tinha 34 anos e percebi que o único responsável por qualquer mudança deveria ser eu mesmo e que eu não poderia viver a partir das expectativas dos outros. O que fazer? Assisti um vídeo sobre um americano, Jonathan Duham, que havia atravessado o continente americano caminhando . Fiquei fascinado por sua história. Continuei em minha busca e encontrei um canadense, Jean Beliveau que havia caminhado por 11 anos, visitado 65 países, percorrendo um total de 75 mil km e me disse: é isso que quero para mim!

Porque a pé e não um outro meio?

De bicicleta, moto ou carro outros já tinham feitos, é preciso sonhar sonhos que ainda não foram sonhados, forjar o novo. Quando caminhamos saímos do ritmo frenético dos motores, podemos escutar melhor a nós mesmos, as pessoas e toda a vida que nos circunda. Quando caminhamos nunca estamos sozinhos, caminhar e encontros passam a ser sinônimos. Viajo a pé simplesmente pelo fato de que é possível viajar assim.

Porque a viagem se chama “Caminho de Aline”?

É uma homenagem a minha irmã Aline que faleceu aos 28 anos em decorrência do HIV, ou melhor, do preconceito. Em 2008, quando minha irmã faleceu o tratamento no Brasil era eficiente, mas ela não aderiu ao tratamento por medo de ser julgada e de ser vista a partir de um rótulo.

Não tenho a pretensão de que sozinho eu acabe com o preconceito. O que eu quero é encontrar pessoas e nesse encontro pensarmos juntos em outros horizontes e partilharmos saberes, seja em uma rodovia ou em um povoado isolado, perdido no mundo.

Se em um minuto ou dois de conversa eu conseguir mostrar o que sente uma pessoa que leva a marca de um estigma e isso ajudar essa pessoa a ser mais solidária com os sofredores e sofredoras do mundo, acho que já ganhei bastante.

Tu caminhas então por uma causa social, para conscientizar sobre o HIV?

Creio que todas e todos que se lançam em um modo de vida como esse caminham primeiramente por si, pelo desejo de colecionarem vivências e com o passar dos anos poder dizer: – essa foi a vida que eu queria ter vivido. No entanto, isso não nos impede de nos associarmos a causas especiais. Jean Béliveau caminhou pela paz e pelas crianças, a americana Polly Letofsky caminhou mais de 20 mil quilômetros pelas pessoas que têm câncer de mama, o espanhol Nacho Dean caminhou por mais de quatro anos por questões ambientais. E eu em minha caminhada quero conversar sobre os preconceitos que marcam as pessoas vivendo com HIV.

Não caminho para protestar,  mas creio que é possível conjugar  viagem com ativismo social.  Viajo e converso sobre esse tema por acreditar em um mundo mais amoroso e empático.

 

 

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