A fé não precisa de oficialidade… Convido vocês a conhecerem a história do Gauchito Gil e a leitura que Marcella Althaus-Reid faz dessa devoção popular na Argentina, é simplesmente apaixonante. O encontro com o Gauchito Gil pelas estradas da Argentina é inevitável.Esse animado grupo de jovens de Ingeniero Giagnoni motivado pela querida Sandra caminhou comigo uns bons km. Parecia que nesse dia eu estava revivendo o Caminho de Santiago de Compostella.Almoço Comunitário – Ingeniero Giagnoni – ArgentinaPalestra em Villa Mercedes organizada de um dia para o outro. Mais de 200 jovens participaram. obrigado Martin por nos ajudar a criar esse caminho de informações sobre o HIV e Aids, um caminho de acolhida e não preconceito.Era passado da meia noite quando fui com essa super família fazer piquenique na beira do rio. Fui um grande privilégio ter sido acolhido por vocês, minha gratidão Mirian, Pablo e Luli pelo carinho que recebi de vocês!!!!!Eu nunca chegava em uma casa sem ter previamente comunicado. Na casa da Ema e do Cacho não fui assim. Cheguei quase como um completo desconhecido, digo quase porque eles tinham me visto pela tv. Bato a porta deles dizendo: quem sugeriu que eu pedisse ajuda para vocês foi fulano, se quiserem podem ligar para confirmar. “Não, não precisa. Claro que há um lugarzinho para ti”. E fui acolhido como um filho. Fizeram de tudo para que meus amigos e eu nos sentíssimos em casa.Rocamora, um pequeno povoado. Mas ali havia lugar para mim. A casa pertenceu aos pais da irmã Estela. E a toda a família foi ao local para receber-me. Um bom vinho argentino, carne assada, conversas e risadas.Essa é uma lembrança que quero que me acompanhe por toda a vida. O Bauti é super, super amoroso e sua família foi só bondade para comigo. Quando cheguei a casa dele era perto das cinco da tarde e eles ainda estavam esperando para almoçar comigo. Quando o Bauti me deixa uma mensagem ele me diz: tomara que a gente possa ainda se reencontrar.A caminho de Picheuta. Província de Mendoza – ArgentinaNo caminho de Gilbert – Província de Entre-Rios – ArgentinaPonte Picheuta – Construção da época colonial. Em 1817 passou por aí o general San Martin para aceder a cordilheira dos Andes.Melhor que a foto é a história que ela carrega. Essa é a Ana. Ela viu na tv que eu iria passar pelo lugar em que ela tinha uma casa de lazer, mas não se sentia animada para acolher-me. O marido recente e repentinamente havia falecido. Seu sonho era terminar a casa de Potrerillo para ali descansar depois da aposentadoria. Após a ligação de um amigo Ana decide acolher-me, se veste de força e vigor e vem ao meu encontro. A dor de perder a pessoa amada não a impediu de ajudar.De Uspallata para PicheutaPicheuta – O monumento faz lembrança as tropas do General San Martin que passaram pelo local para lutar pela libertação do Chile. Faz tempo que assumi o compromisso de não tirar fotos de nada que recorde guerra, mas conservei essa saiu pois gosto de pensar que tantas outras pessoas já pisaram a terra que meus pés estão pisando…Cordilheira dos Andes – Rafael e Aline vieram do Brasil para caminhar comigo. Porque o caminho também e feito de descanso, não é mesmo?Os mascarados. Rafael, Aline e eu rumo a Picheuta – Fevereiro de 2019Quase 40 km de caminhada. Jovens que me conheceram no dia anterior decidem caminhar por minha causa. A proposta do dia é caminhar em sintonia com os e as jovens dos países pobres que têm HIV…De Gualeguaychú a Almada – Dezembro de 2019Essa super família de Gualeguaychú me acolheu em sua casa e caminhou comigo no dia seguinte. Charo y família los quiero mucho!!!O caminho também é barzinho e conversa. Obrigado Cristian pela acolhida. Mendoza – fevereiro de 2019Muro em Mendoza que recorda os/as desaparecidos e desaparecidas da ditadura militar argentinaMendozaTodo lugar é lugar para uma conversa sobre HIV. Conversa com trabalhadores de um parque em Mendoza durante o tempo de descanso deles.Uma borracharia. Trabalhadores. Aqui é lugar para entrar e conversar sobre AIDS. Rio CuartoGustavo e sua família me acolheram e ele caminhou comigo de las Higueiras a Rio Cuarto – Janeiro de 2019GESTOS DE BONDADE Era quase véspera de natal. Eles estão trabalhando na rodovia. Falo para eles do caminho de Aline. Me emprestam a camionete para que eu possa atender a ligação de uma rádio com mais comodidade e silêncio. Quando estou prestes a partir um deles me entrega uma quantia em dinheiro dizendo: fizemos uma vaquinha entre nós e isso é para te ajudar em tua viagem…CONFIAR EM UM ESTRANHO Mais do que me oferecer um prato de comida e uma cama para descansar, esse querido casal, Cristian e Emiliano partilharam comigo as histórias de suas vidas, uma conversa intensa, cheia de luta, vida e amor. Sou muito agradecido por ter convivido com vocês!!!Aqui no Brasil dizemos: vai pela sombra. No caminho VOU COM A SOMBRA.Ela ficou sabendo pelas rádios de minha passagem por sua região e não pensou duas vezes, com uma amiga veio caminhar comigo.De General Deheza a General Cabrera. 12 km de caminhada é quase um dia de descansoA prefeitura de Dalmácio Velez além de me receber com esse gostoso lanche pagou para mim o almoço, a janta e o hotel… essa é a hospitalidade da província de CordobaA cidadezinha se chama Correa e o que nela vivi não pode ser posto em palavras. Alí fui acolhido por Lautaro, um jovem que queria preparar um churrasco e reunir amigos para ouvir as aventuras da viagem. Como ficaria muito tarde, acabamos trocando o churrasco por pizzas e cerveja e estava tudo muito bom. Lautaro me recebeu como se estivesse esperando um grande amigo que não via há muitos anos.A caminho de UspallataPotrerillos – Fevereiro de 2019Potrerillos – Província de Mendoza- a estrada é cheia de curvas, muitas subidas, por ser lugar turístico os preços são elevados… mas ainda assim, vale a pena, a paisagem é maravilhosa!Potrerillo – situada na cordilheira dos AndesDique Potrerillos – Província de Córdoba – Argentina – Um dos lugares em que mais gostei de passar no primeiro ano.Las cuevas – Localidade situada a 3557 metros de altitude e faz fronteira com Chile. Este refúgio colonial foi construído no século XVIII para proteger das intempéries vendedores, mensageiros e trabalhadores do correio. Está situado a beira da rota real, por isso, é também chamado de casebre do rei.Parque Aconcagua – Província de MendozaCasebre do Rei – Cordilheira dos Andes – 15 de fevereiro de 2019Aí vai mais uma foto que tem história para contar. Eu estava na estrada que leva para Bell Ville, um carro para e o motorista pergunta quem sou e o que estou fazendo, pois faz dois dias que passa por aquela estrada e m e vê caminhando por ali. Feita as devidas apresentações de minha parte chega o momento dele também se apresentar. Seu nome é Javier, é policial, seu trabalho é estressante e para aliviar a tensão faz artesanato em madeira. No dia seguinte, quando estou para deixar Bell Ville, Javi vem ao meu encontro com um presente: uma tartaruga de madeira de cacau. A tartaruga- explica ele, é símbolo de perseverança e isso é algo que vais precisar em tua caminhada. É feita de madeira de cacau, uma árvore forte e resistente e assim tens que ser tu nessa caminhada. Eu, obviamente fiquei contente com o presente, mas o que mais me surpreendeu foi sua atitude de desprendimento. Quando alguém da um presente a outra pessoa espera que o presente seja guardado, talvez para assim ser também lembrado. Com Javi foi diferente. Ele disse: quando te sentires triste dê essa tartaruga para uma criança e isso alegrará o teu coração.A caminho de Uspallata. A paisagem é fantásticaTúnel Cacheuta – PotrerillosArco de las Cuevas – Provincia de Mendoza – Fronteira com ChileNo parque Aconcágua muitas propostas de trilhas são oferecidas aos visitantes. Curiosidade: quando a administração do parque soube do caminho de Aline e que eu estava ali, eles não quiseram me cobrar a entrada para o parque.Fevereiro de 2019 – ao fundo a imponente montanha Aconcágua, fora da Ásia, a montanha mais alta. São quase sete mil metros de altitude.PONTE INCA. Reparem que a ponte é NATURAL. Conta a lenda que o imperador inca tinha seu filho doente e que somente a agua desse local poderia curá-lo como. Para que o filho do imperador pudesse passar os guerreiros com seus corpos formaram uma grande ponte humana e quando o filho o jovem olhou para trás eles se transformaram na ponte que agora vemos.Da esquerda para a direita: Juan, Ana, eu, Jenny, León. Eu iria passar o natal na casa de outra família, mas no último momento não puderam me receber e fui acolhido por essa alegre família cordobesa: foi um natal com muita música, abundante comida e alegria. León caminhou comigo 20 km, é um excelente músico. Jenny é enfermeira em um consultório que atende pessoas trans. No dia 25 de dezembro de 2018 Jenny celebrava seus 36 anos de vida. Ao mesmo tempo que celebrava seu nascimento, celebrava a vitória de não ter sido assassinada, pois também na Argentina, a expectativa de vida de uma mulher trans é de 35 anos. Léon foi o primeiro homem trans que conheci. É bom saber que com resistência, luta e esperança estamos tornando possíveis vidas, corpos, amores e esperanças dissidentes.MUITA GENEROSIDADE – Tu caminharias com um desconhecido, estrangeiro 18 km? Caminhar comigo significa abraçar minha causa, transformar os passos em uma mensagem, em uma resposta ao preconceito, em especial com as pessoas vivendo com HIV. Esse simpático grupo de Urdinarrain caminou comigo 18km.Urdinarrain – Província de Entre-Rios. Praças bem cultivadasQuando deixei Porto Alegre, não que quis levar o mate, mas, ganhei uma cuia e uma térmica de presente no Uruguay e o mate acabou sendo meu companheiro de estrada. Em quase toda a America Latina se consegue encontrar erva mate, sempre do tipo Argentina.Amo encontrar crianças na estrada, especialmente suas perguntas. Aqui, elas, espontaneamente, após saberem que viajo a pé, empurrando o carrinho, pedem para tirar foto com meu carrinho. Las Vertientes.General Deheza – Um dos lugares em que melhor fui recebido. Todos os meios de comunicação da cidade vieram ao meu encontro para entrevistar-me. O melhor de tudo: uma coletiva de imprensa para falar sobre HIV em pleno janeiro.
